No Alto Atlas muito perto de Ouarzazate, uma pequena comunidade fortificada (Ksar) onde diversos filmes foram filmados, como Lawrence of Arabia, Gladiator, Game of Thrones, entre outros, fez-se Património Mundial da Unesco.

O mundo tem estes cenários que se imortalizam, erguidos por homens com a matéria-prima da terra – aqui, palha e barro, conferindo a sua cor a tudo. Às vezes, quando viajamos, além da geografia ser diferente também o tempo se altera. Podemos retroceder séculos, milénios até. Esta oportunidade transforma-nos se formos visitantes que operem com deslumbramento, com genuíno interesse e atenção, levando a alma a imergir no momento e no que está a acontecer. E viajar é agarrar esta oportunidade. É decidir sair de lá transformado. Aprender com aquela outra dimensão que nos quebra a rotina do dia-a-dia, que nos vence além do esperado, se finalmente nos surpreende. A colina de Aït-Ben-Haddou é um espantoso lugar do planeta fundado no ano de 757 aquando da construção da primeira casa. Poucas famílias residem hoje no seu interior. Há alguns Kasbahs que podem ser visitados. E devido ao turismo, existem muitos pontos com artigos tipicamente marroquinos pelos quais se vai passando durante o circuito dentro da aldeia. Ainda nos espera uma paragem numa galeria onde são feitas gravuras queimadas a gás. Ao longo dos muros, pequenos pratos e quadrados de madeira pintados à mão, e, pendurados nas paredes das casas, tecidos, cajados, esculturas, cestos, roupas. Em algumas paredes também se encontram perfuradas as inscrições da Liberdade, através do símbolo correspondente à letra Z no alfabeto bérbere “Tifinagh”. A Liberdade parece importar o homem desde há muito. A bandeira bérbere da Liberdade também está presente um pouco por todo o lado em Marrocos apesar de ter sido uma criação Argelina. No topo da colina, em torno do celeiro, há uma área dedicada à arte do rock balancing, através da qual se equilibram pedras sobre pedras supostamente durante processos de meditação. De lá tudo parece agigantar-se e o planeta deixa de ser azul. Tudo é ocre, barro, um novo mundo sem ruído, sem confusão, que se avista mas que não se sabe como alcançar.









































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