Pedi um R&R à empresa para receber a Andreia no Príncipe. R&R é a abreviatura de Rest & Restoration, uma benésse para pausa e descanso dos funcionários. Porém, durante 9 dias consecutivos, os voos inter-ilhas foram cancelados e a Andreia teve de ficar em São Tomé. Apesar da frustração, mantive o programa para os três dias de folga a que tive direito. Este foi o primeiro.

Na Roça de São Joaquim, as pessoas estão habituadas a receber turistas porque – antes de ruir – a Casa Principal dos tempos coloniais, era um dos locais mais procurados para vislumbrar a magnífica vista dos Picos João Dias Pai e João Dias Filho. Nos dias em que não trabalho, sou turista, e regresso à Roça porque a experiência nunca se repete. A luz é sempre diferente, as pessoas e sua disposição são outras.

Desta vez, ainda no trajecto, na floresta, vi o guarda-rios, o passarinho azul de bico comprido. Não se deixou fotografar. Nem eu teria equipamento que lhe fizesse jus. A verdade é que tive o regalo de o ver e isso para mim chega a marcar-me o dia. Tenho várias cordas por dentro prontas para vibrar com estes acontecimentos que podem ser banais para outros humanos.
As pessoas que vivem em São Joaquim têm a particularidade de estarem mais afastadas da cidade e penso que isso as torna especiais. Ver os magníficos picos de basalto é apenas o convite a visitar o local, depois é muito mais gratificante a oportunidade de passar aquele tempo com as pessoas, incluindo as crianças. Estive na roça de manhã e decidi descer até Maria Correia, voltando para almoçar mais tarde. Ficou combinado com a Ilda, que poderia preparar peixe frito que voltaríamos e assim foi. O que não imaginava é que entre o ir e o voltar passariam mais de seis horas. A próxima vez que visitar a Roça de São Joaquim vou saber chamar as crianças pelo nome e sei que elas me vão sorrir de volta e com o olhar. Estou certa que têm cordinhas dentro delas que farão ressoar ainda mais brilho de dentro de si.
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