Foi em África – e, mais concretamente, na Tanzânia, em plena savana – que percebi que o objetivo da minha vida haveria de ser o de continuar a viajar e a conhecer. Foi também a única vez recordada em que o entusiasmo em relação à programação da aventura e à própria ideia da viagem foi maior no final. Normalmente, a antecipação das coisas agrega uma certa (grande) ansiedade, que vai decaíndo conforme a aventura prossegue. Mas, neste caso, não. A vastidão deste continente fez de mim para sempre uma outra pessoa. As árvores, os arbustos esporádicos, as gramíneas (ou como se diz, com outra graça, em inglês: summer grass) a cobrirem o solo, os lagos-oásis perfeitos na fotografia, uma criança masai a pastorear a sua liberdade, as aves aos milhares fazendo a paisagem mudar a cada nanosegundo, e a tranquilidade dos outros animais descansando nos pastos ou partindo em migração indiferentes à espreita dos jipes. Ali senti a felicidade inteira de estar viva, senti a vontade de ter dentro dos olhos e do coração o resto das pessoas. Porque o amor pode ter muitos caminhos mas onde quer que eu vá o melhor de tudo será sempre a natureza.
Imagens: Lake Manyara National Park