O avião pousa. Quase não acredito que cheguei a este país tantas vezes sonhado. E foi a música que me trouxe ali. Está, então, o avião no chão. Em breve, ficarei a saber que as malas de porão seguiram para um outro destino, e, irão demorar algum tempo a voltar às nossas mãos, mas isso nem é tão importante. Esta viagem foi programada com agenda. Por isso, tratadas as burocracias relacionadas com a perda de bagagem, é tempo de seguir caminho. A cerca de dez quilómetros de distância, depois de levantarmos o carro alugado, está, quanto a mim, o primeiro ponto de paragem obrigatória: a Blue Lagoon. Sabemos quando estamos a chegar: as águas na proximidade da estância apresentam-se já da cor azul céu com aquela saturação que só conheço dali. Entramos. As instalações são de primeira classe, modernas, com grandes vidros de separação para o exterior onde se vêem as pessoas banhando-se. O aquecimento do espaço gera conforto para se tirar alguns dos agasalhos. Há uma enorme afluência de visitantes. As filas, porém, não demoram a reciclar-se. Chegados ao balcão as notícias não são boas. Não compramos as entradas antecipadamente e dizem-nos, que será impossível acedermos hoje. É preciso fazermos as reservas no site do spa. Os 6100 ISK fixos de taxa de entrada são o valor mínimo tabelado, cerca de 50 EUR, que dão acesso à piscina e oferecem uma máscara de argila para hidratação da pele. Vamos tentar fazer o booking naquele momento mas sem sucesso. Não há vagas para nós. Nem pagando algum valor suplementar, nada. Aproveitamos para visitar o espaço, a loja e a cafetaria, para passar o tempo na esperança de que, com o avançar da tarde, haja desistências. Umas horas passadas, e com alguma conversa ao balcão, própria de quem não vai arredar dali, lá conseguimos entrar pagando directamente na caixa. A perseverança vence! Em poucos minutos enchemos os cacifos e trocamos de roupa. Finalmente, chegamos ao exterior e confirmo que a água é efectivamente quente. O corpo sente-se pesado para nadar mas é uma experiência maravilhosa movermo-nos naquela água que escalda, em contraste com a temperatura gelada do ar. Vamos colocar na pele a máscara à qual temos direito e buscar bebidas ao bar. Um bar dentro da piscina para que possamos sentir em pleno o momento de relaxamento. A noite tende a cair devagarinho. A bola da lua vê-se alta no céu a definir-se. Não se sente frio nenhum. Cada vez temos mais espaço livre porque as pessoas vão saindo da água. Não se vê muito bem mas sinto que reacendi a alma, é o universo a mostrar-me aquele céu nocturno, vaporizado de azul, ao qual assisto deste relento quente. Não tenho vontade de ir embora porque reconheço que estou numa das maravilhas do mundo moderno mas, esta noite, vai também marcar o dia em que vou chegar a Reykjavik, daqui a pouco. Adoro sentir a vida a soprar.