Os dias em África são felizmente longos mas, quando o Sol se põe, o Sol deslumbra. Então Deus há-de ser um arquitecto de paisagens mais ocupado com este continente do que com qualquer outro. Um jardineiro sagrado maquetizando as suas obras-primas cá em baixo. A bola amarela girando até cair na linha da terra ao fundo. E o papel de parede, que é o céu por esta hora, fica numa espécie de cromatografia celeste, destilando-se num dégradé vermelho a roxo, com as nuvens tapadas atrás. Então, todos os dias, as árvores acordam para se transformarem em silhuetas ao entardecer. Todos os dias, alguém, por certo, a puxar o Sol para baixo. Ou, todos os dias, apenas a vontade dos astros e do universo inteiro em deixar cair o círculo de fogo, devagarinho, naquele pôr-do-sol.
