Para aproveitar o resto do dia, decidi fazer-me ao caminho e ir até Setagaya a cerca de 1 hora de distância. Talvez a chuva parasse até lá, ou talvez nessa região a oeste estivesse um clima mais aprazível. Mas, independentemente do tempo, eu quis visitar o lugar por ser o templo Gotokuji, do gato da sorte: manekineko. Depois de sair da estação andei bastante a pé entre zonas habitacionais à procura do portão de entrada do parque. As casas sempre bem cuidadas. Tudo no devido lugar. O espaço certo para deixar o carro, uma montra com bicicletas. Uns passos mais à frente, e com a chuva a cair mais pesada, peço e recebo indicações da entrada e chegar ao parque. Construído em 1480, este templo esconde, após o portão vermelho, o lugar sagrado onde mais de 10.000 manekinekos brancos estão dispostos lado a lado, acima e abaixo, em vários andares de prateleiras. Patinha direita levantada para atrair dinheiro e esquerda para atrair clientes. O gatinho compra-se na loja do templo para dar a oportunidade ao dono de ter sorte e, se a sorte acontecer, deve ser devolvido ao templo passado um ano, por isso existem tantos. Reza a lenda que foi uma gata chamada Tama que existiu neste templo que deu origem a esta superstição. Tantos gatos com dever cumprido de regresso a casa. Uma japonesa que também estava sozinha ofereceu-se para me fotografar. A estátua de Kannon, a deusa budista da misericórdia, encontra-se entre os gatos brancos. Há um cemitério por trás. Os cemitérios no Japão são bonitos, não são lugares nada sinistros, são locais bons para passear e reflectir. Os jardins são esplendorosos. Uma árvore em tons de vermelho-rosa deslumbra-me. E a pagoda impera ali altiva, na verdade aquilo pertence-lhe, desde muito antes de eu nascer.