Gaudí e Miró em Barcelona

Foi a primeira vez que me dirigi a um lugar reservado através da Craigslist. Hoje em dia o Airbnb está mais difundido. Mas feito o acordo para os dias escolhidos, pagamos e seguimos viagem. Chegados a Barcelona, procuramos o lugar combinado nas Ramblas e, alguns minutos depois, apareceu um rapaz a perguntar pelos nossos nomes. A honestidade a imperar deixa-me feliz e, por vezes, até, um pouco surpreendida. O apartamento condizia com o esperado. Então, tratada a parte do alojamento, organizamos os dias com os pontos obrigatórios. Primeiro visitamos a Sagrada Família que remeto para um outro post, depois, o Parque Güell. E tudo isto é Gaudí. Bonito, cheio de cor, conferindo carisma a Barcelona: pequenos pedaços de azulejo partidos encostados uns aos outros, numa técnica chamada trencadís, que se descobre um pouco por toda a cidade. O terraço, pátio de diversões. Na descida, o réptil ao centro da escadaria. Um lugar de fantasia ao ar livre. Depois a Casa Batló. No seu interior recantos iluminados por luz natural onde uma mistura de azulejos em diferentes tonalidades de azul em degradé fazem transmitir a ideia de se estar no fundo do mar. A seguir a Casa Milá ou, la Pedrera. Edifício belíssimo, de fachada construída em calcário, em linhas curvas como que representando as ondas do mar. Foi no terraço deste edifício que a minha máquina fotográfica caiu ao chão, de objectiva exposta, danificando-se para sempre. Resolvemos o problema numa Fnac próxima. A minha curiosidade maior estava em ver as centenas de obras de Miró todas reunidas num mesmo espaço. E que lugar! A Fundação Joan Miró foi pensada e concebida pelo próprio Miró e arquitectada pelo seu amigo Josep Lluís Sert. Um enorme edifício situado no Parque de Montjuïc que deixa antever uma ampla vista sobre a cidade. Então entramos. As obras parecem ocupar o seu lugar perfeito. Acompanhamos as várias fases do artista. Pinturas, esculturas, desenhos. Do cubismo das paisagens catalãs, ao surrealismo dos símbolos, das cores. A singeleza das linhas, a fragilidade das representações. Parece tudo feito para crianças. É Miró e basta. Eu sou fascinada por cores e, portanto, pelo imaginário deste artista. Inconfundível, diria. As constelações, e a representação dos pássaros e da mulher nos seus trabalhos depois de encontrar o seu estilo mais característico, a conferir carácter e maturidade à sua obra. Agora eu posso imaginar uma parede branca com uma tela azul com uma linha e um ponto de Miró. E encontrar tudo a fazer sentido.

 

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